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| September 2013
Representante do Brasil no FMI diz que há exagero na percepção sobre a economia do país: Para Paulo Nogueira Batista, cenário no país já é de recuperação
Lucianne Carneiro
O Globo Economia, 26 Setembro 2013. © 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
RIO - O diretor executivo para o Brasil e outros países do Fundo Monetário Internacional, Paulo Nogueira Batista Jr., afirmou nesta quinta-feira que a economia brasileira já está se recuperando e há um exagero da imprensa internacional sobre a situação do Brasil, ao comentar a capa da revista britânica “The Economist”.
- O Brasil passou por uma fase de grande sucesso, era moda, referência, havia um certo exagero. Agora (a percepção) está indo para o extremo oposto. O Brasil está crescendo menos do que poderia (...), mas agora estamos vendo uma recuperação clara. O desempenho não é tão favorável, mas a recuperação já começou - disse Nogueira Batista, ao participar do seminário “Governança Financeira depois da Crise”, promovido pelo Minds, Instituto Multidisciplinar de Desenvolvimento e Estratégia, em parceria com o Levy Economics Institute e a Fundação Ford.
Na avaliação do economista, os fundamentos fiscais e a política monetária do Brasil vão bem. Embora a deterioração do déficit em contas correntes preocupe, apontou, as reservas internacionais são elevadas. Na contramão da opinião de Nogueira Batista, o professor da Universidade de Georgetown Albert Keidel afirmou mais cedo, no mesmo evento, que o Brasil tem um nível baixo de reservas internacionais, considerando a ausência de mecanismos de controle de capitais.
Pressão por melhora nas moedas emergentes
Nogueira Batista negou que o fim dos estímulos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) à economia vá provocar uma crise nos países emergentes.
Acho que há muito exagero (sobre a reação dos emergentes ao fim da política do Fed).
A situação hoje é muito diferente da época da crise asiática. As reservas estão muito mais altas, a situação fiscal teve muita melhora, com a dívida líquida caindo. É claro que a situação não é perfeita, mas acho exagerado dizer que podemos ter uma crise - afirmou o economista, destacando que falava em seu próprio nome e não como diretor do Fundo.
Nogueira Batista disse que o alívio nos mercados com a decisão do banco central americano não suspender por enquanto seus estímulos já se refletiu em uma pressão de valorização das moedas emergentes, como o real. E que é preciso minimizar esses efeitos.
- O programa de intervenção do Banco Central lançado no momento de tensão deu impacto para segurar o câmbio, o Brasil está apertando a política monetária. Apesar das capas das revistas, as pessoas veem isso lá fora.
Em sua apresentação, Nogueira Batista afirmou que os emergentes ganharam espaço na governança global, mas que as mudanças nessa estrutura estão estagnadas desde 2011 e algumas metas no âmbito do Fundo Monetário Internacional (FMI) já passaram dos prazos estabelecidos, como a redistribuição dos votos e das cotas.
- Após o Lehman Brothers, o G-20 emergiu com um importante fórum de líderes. No âmbito do FMI, fizemos algumas mudanças no sistema de votos. (...) Desde 2011, no entanto, o processo de mudanças na governança global vive uma certa estagnação. A implementação de acordos já assinados, por exemplo, têm sido adiada - disse o economista.
Ele alertou sobre o risco de “uma tentação” de se voltar ao formato antigo, em que apenas Estados Unidos e europeus tinham peso forte nas decisões internacionais.
Para combater este retrocesso, defende Paulo Nogueira, é preciso aprofundar ainda mais a cooperação entre os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele ressaltou os avanços tanto na criação de um fundo de reservas internacionais dos países dos Brics - para proteger contra oscilações cambiais e também de um banco de desenvolvimento. O primeiro rascunho do projeto de um fundo de reservas dos Brics será apresentado em uma reunião dos Brics em Washington, em duas semanas.
O economista lembrou as dificuldades ainda existentes para uma participação maior dos emergentes no Fundo. Em 2011, quando Dominique Strauss-Khan deixou a entidade, os europeus defenderam a candidatura de Christine Lagarde antes mesmo do fim do período de inscrição de candidatos, disse Nogueira Batista.
Segundo ele, até que se mude a estrutura dos votos no Fundo será difícil conseguir uma candidatura vitoriosa de um país emergentes. Hoje, Estados Unidos, europeus e Japão têm peso de mais de 50% nos votos.
- Se o cargo de diretor-geral ficar vago em breve, pode ser que tenhamos o mesmo tipo de dificuldades que tivemos em 2011.
Cálculo da dívida bruta será discutido em outubro
Sobre o atraso na divulgação de algumas partes do Relatório Artigo IV do FMI sobre o Brasil, Nogueira Batista explicou que o país pediu a revisão de alguns aspectos do documento, como faz todos os anos, mas que a equipe do Fundo está demorando a responder. Sua expectativa é que isso pode ser concluído em breve.
O relatório é divulgado para os diferentes países e analisa o desempenho macroeconômico das nações. Revisões podem ser pedidas no caso de erros factuais e passagens que podem ser consideradas ambíguas, entre outros aspectos.
A questão sobre o cálculo da dívida bruta - que foi alterado pelo Brasil, mas vem sendo questionado pelo Fundo - será tratado em outubro, com uma equipe do Ministério da Fazenda que vai ao FMI.
RIO - O diretor executivo para o Brasil e outros países do Fundo Monetário Internacional, Paulo Nogueira Batista Jr., afirmou nesta quinta-feira que a economia brasileira já está se recuperando e há um exagero da imprensa internacional sobre a situação do Brasil, ao comentar a capa da revista britânica “The Economist”.
- O Brasil passou por uma fase de grande sucesso, era moda, referência, havia um certo exagero. Agora (a percepção) está indo para o extremo oposto. O Brasil está crescendo menos do que poderia (...), mas agora estamos vendo uma recuperação clara. O desempenho não é tão favorável, mas a recuperação já começou - disse Nogueira Batista, ao participar do seminário “Governança Financeira depois da Crise”, promovido pelo Minds, Instituto Multidisciplinar de Desenvolvimento e Estratégia, em parceria com o Levy Economics Institute e a Fundação Ford.
Na avaliação do economista, os fundamentos fiscais e a política monetária do Brasil vão bem. Embora a deterioração do déficit em contas correntes preocupe, apontou, as reservas internacionais são elevadas. Na contramão da opinião de Nogueira Batista, o professor da Universidade de Georgetown Albert Keidel afirmou mais cedo, no mesmo evento, que o Brasil tem um nível baixo de reservas internacionais, considerando a ausência de mecanismos de controle de capitais.
Pressão por melhora nas moedas emergentes
Nogueira Batista negou que o fim dos estímulos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) à economia vá provocar uma crise nos países emergentes.
Acho que há muito exagero (sobre a reação dos emergentes ao fim da política do Fed).
A situação hoje é muito diferente da época da crise asiática. As reservas estão muito mais altas, a situação fiscal teve muita melhora, com a dívida líquida caindo. É claro que a situação não é perfeita, mas acho exagerado dizer que podemos ter uma crise - afirmou o economista, destacando que falava em seu próprio nome e não como diretor do Fundo.
Nogueira Batista disse que o alívio nos mercados com a decisão do banco central americano não suspender por enquanto seus estímulos já se refletiu em uma pressão de valorização das moedas emergentes, como o real. E que é preciso minimizar esses efeitos.
- O programa de intervenção do Banco Central lançado no momento de tensão deu impacto para segurar o câmbio, o Brasil está apertando a política monetária. Apesar das capas das revistas, as pessoas veem isso lá fora.
Em sua apresentação, Nogueira Batista afirmou que os emergentes ganharam espaço na governança global, mas que as mudanças nessa estrutura estão estagnadas desde 2011 e algumas metas no âmbito do Fundo Monetário Internacional (FMI) já passaram dos prazos estabelecidos, como a redistribuição dos votos e das cotas.
- Após o Lehman Brothers, o G-20 emergiu com um importante fórum de líderes. No âmbito do FMI, fizemos algumas mudanças no sistema de votos. (...) Desde 2011, no entanto, o processo de mudanças na governança global vive uma certa estagnação. A implementação de acordos já assinados, por exemplo, têm sido adiada - disse o economista.
Ele alertou sobre o risco de “uma tentação” de se voltar ao formato antigo, em que apenas Estados Unidos e europeus tinham peso forte nas decisões internacionais.
Para combater este retrocesso, defende Paulo Nogueira, é preciso aprofundar ainda mais a cooperação entre os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele ressaltou os avanços tanto na criação de um fundo de reservas internacionais dos países dos Brics - para proteger contra oscilações cambiais e também de um banco de desenvolvimento. O primeiro rascunho do projeto de um fundo de reservas dos Brics será apresentado em uma reunião dos Brics em Washington, em duas semanas.
O economista lembrou as dificuldades ainda existentes para uma participação maior dos emergentes no Fundo. Em 2011, quando Dominique Strauss-Khan deixou a entidade, os europeus defenderam a candidatura de Christine Lagarde antes mesmo do fim do período de inscrição de candidatos, disse Nogueira Batista.
Segundo ele, até que se mude a estrutura dos votos no Fundo será difícil conseguir uma candidatura vitoriosa de um país emergentes. Hoje, Estados Unidos, europeus e Japão têm peso de mais de 50% nos votos.
- Se o cargo de diretor-geral ficar vago em breve, pode ser que tenhamos o mesmo tipo de dificuldades que tivemos em 2011.
Cálculo da dívida bruta será discutido em outubro
Sobre o atraso na divulgação de algumas partes do Relatório Artigo IV do FMI sobre o Brasil, Nogueira Batista explicou que o país pediu a revisão de alguns aspectos do documento, como faz todos os anos, mas que a equipe do Fundo está demorando a responder. Sua expectativa é que isso pode ser concluído em breve.
O relatório é divulgado para os diferentes países e analisa o desempenho macroeconômico das nações. Revisões podem ser pedidas no caso de erros factuais e passagens que podem ser consideradas ambíguas, entre outros aspectos.
A questão sobre o cálculo da dívida bruta - que foi alterado pelo Brasil, mas vem sendo questionado pelo Fundo - será tratado em outubro, com uma equipe do Ministério da Fazenda que vai ao FMI.
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